domingo, 28 de novembro de 2010

Faith.

Acreditar. Acreditar é algo muito lógico, acreditar pede uma explicação racional, pede bases científicas comprovadas. Eu acredito que amanhã vai chover, porque o céu está escuro. Acreditar é uma efêmeridade. Ter fé, por sua vez, não requer nada, ter fé é... ter fé. É acreditar sem restrições, sem pedir explicações, ter fé é ser humano. É querer acreditar quando tudo diz que não se deve, é não desistir quando tudo parece perdido. É muito, muito mais difícil ter fé em algo, do que acreditar.Por que isso não pede comprometimento, não pede esforço, não pede sentimento. Amar é ter fé. Mas eu digo um amor bonito, um amor sincero, um amor por inteiro. Não um amor água com açúcar, um 'tanto faz' no meio da sua agenda. Amar, assim como a fé, pede comprometimento, pede esforço, pede sentimento, pede a crença quando tudo parece perdido, amar é não precisar de uma explicação, amar é ser humano. E eu tenho fé, de que tudo no final se acerta, se for pra ser, será.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Eu sei, mas não devia.

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Texto por Marina Colasanti.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Se meu silêncio não lhe diz nada.

"De nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos. Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida." Oscar Wilde.

Mas há vezes em que palavras são inúteis, eu lhe digo algo mágico, os olhos falam. Os olhos são o portal da alma.Não existem acertos ou erros, apenas a ideia do que é certo ou errado. Tudo isso é tão relativo, e não há nada que eu faça que alguém possa julgar. E não há nada que alguém faça, que eu possa julgar. O seu coração dirá que direção tomar, não seu vizinho, seus sentimentos dirão se você deve ou não fazer, não seu psicólogo, você irá decidir como irá ser seu amanhã, não seu horóscopo. Minhas palavras tendem a desaparecer...


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Smile. That's enough.

Vai falar que você não sorriu junto?

Só quero que o dia termine bem.


E em meio a tantas coisas, a tantos problemas, reclamações, relacionamentos, em meio a tanta rotina, acabamos no esquecendo do essencial, do espírito, do cuidar, do sorrir, do se importar, do próximo. Todos somos egoístas, mas e aqueles que não possuem nada pra chamar de seu? O que lhes restam? Pensamos tanto no futuro, no amanhã, mas há pessoas que só rezam para sobreviver a mais uma noite. Que direito temos de julgar uma pessoa, por ela não ter uma casa? Por ela não saber ler? Que direito temos de julgar alguém pelas suas posses? O que isso diz sobre seu caráter?
Como o nossa sociedade vai mudar, se não damos chances ao diferente? Como um ex-presidiário vai conseguir mudar, se ele sabe que ninguém vai empregá-lo? Como um menino da favela vai se tornar uma boa pessoa, vivendo em meio às drogas, ao preconceito, como ele vai querer algo bom para seu futuro, se ninguém acredita nele, no potencial que ele tem? Às vezes me assusto com o caminho que a sociedade está tomando. Escravidão, trabalho infantil, pobreza, drogas, tráfico, política, isso é o que chamamos de modernidade?